Nasceu em Pombal, no sertão da Paraíba, Elon vem conquistando espaço e atenção como um dos nomes mais singulares e inovadores da nova geração artística do Nordeste. Com uma estética que transita entre o popular e o contemporâneo, o artista se destaca por construir pontes entre tradição e vanguarda, criando uma linguagem própria e ousada.
Seu novo clipe, “Preto”, é prova viva desse diálogo. O single — composto por Titá Moura especialmente para o timbre grave e marcante de Elon, que evoca os aboios sertanejos — ganha forma em uma produção audiovisual rica em simbologia, ancestralidade e afeto. A canção reverbera as manifestações populares sertanejas e mergulha fundo no imaginário coletivo da cultura afro-brasileira nordestina.
Gravado em João Pessoa, o clipe de “Preto” é quase um cortejo sensorial. A narrativa gira em torno da coroação de um rei e resgata figuras icônicas dos folguedos populares, como o reisado, a congada, o afoxé, a burrinha e o palhaço Mateus — personagem que representa o riso e a irreverência nas festas populares. Tudo isso ambientado em espaços que remetem ao cotidiano doméstico nordestino: o café passado no pano, a cuscuzeira de barro, a toalha de renda sobre a mesa. Um universo que pulsa memória e identidade.
“Quis mergulhar nas referências do meu local de nascimento e das minhas vivências. Queria que o clipe tivesse a cara da cultura na qual cresci, mas que também dialogasse com as estéticas do presente. Por isso, buscamos criar uma atmosfera inspirada no afrofuturismo”, explica o artista.
A direção geral é de Erika Paz, com direção artística de Mari Miguel, e viabilização via Lei Paulo Gustavo (edital 005/2023). A direção musical do single ficou por conta de Helinho Medeiros, que assina os arranjos e instrumentos de teclado, piano e sintetizadores.
Um nome a ser ouvido com atenção
Elon não está só nessa efervescente cena paraibana. Ao lado de nomes como Nathalia Bellar, Pedro Índio Negro, Seu Pereira, Luana Flores e Bixarte, ele integra uma geração que tem redesenhado os contornos da música produzida no estado. Suas composições, muitas delas atravessadas por uma vivência Queer no sertão, propõem uma nova escuta para o regional — uma escuta que abraça a diversidade, a mistura, o risco e a poesia.
“Cresci em meio a uma atmosfera cultural riquíssima, muitas vezes limitada a uma ideia de regionalidade. Mas o sertão está em diálogo com o mundo. Eu crio com os pés fincados no chão da minha terra, mas com a cabeça orbitando o pop, o afrobeat, o rock. Gosto de tensionar essas fronteiras”, afirma.
O programa Papo Pop, da Rádio POP 89,3 FM, bateu um papo com Elon sobre sua trajetória, processo criativo e o que vem por aí — inclusive, seu aguardado álbum de estreia.

Quer mergulhar nesse universo? A entrevista completa já está no ar!