O cantor e compositor Yago Santana conversou com o Papo Pop sobre seu novo EP, “Identidade”, que chega como um marco de renovação e maturidade artística. Trazendo um som que mistura forró, MPB e brasilidade contemporânea, o projeto não apenas esquenta os corações para o São João de 2025, mas também revela um artista em pleno florescimento. Em entrevista exclusiva, Yago falou sobre processo criativo, trajetória, influências e o que representa finalmente assumir sua própria voz no cenário musical brasileiro.

Papo Pop: Yago, o título do seu EP é forte: “Identidade”. O que essa palavra representa pra você dentro da sua trajetória musical e pessoal?

Yago Santana: “Identidade” é o que me define hoje, depois de anos me entendendo como artista e como pessoa. É a soma das minhas raízes, das minhas escolhas e também dos meus silêncios. É sobre assumir com coragem quem eu sou — com a sanfona no peito, a voz que canta verdades e a vontade de construir uma história única dentro da música brasileira.”

Papo Pop: Como foi o processo de transformar vivências tão íntimas em música?

Yago Santana: Foi um processo delicado, mas muito verdadeiro. Escrever essas músicas foi quase terapêutico. Cada letra carrega sentimentos que eu já vivi, dores que precisei entender, alegrias que marcaram meu caminho. A música é meu jeito de organizar o mundo dentro de mim — e colocar isso em canções foi como abrir o peito com delicadeza e entrega.

Papo Pop: Antes desse projeto, como foi sua trajetória até aqui? Quais os momentos mais marcantes da sua caminhada na música?

Yago Santana: Minha trajetória é feita de persistência. Já toquei em muitos bares, restaurantes, pequenos eventos como também já dividi grandes palcos com atrações nacionais, e cada um deles me ensinou algo. Ter a chance de lançar um trabalho autoral e visual hoje é, sem dúvida, um marco. As primeiras notas tocadas na sanfona, as primeiras composições, os incentivos de quem acreditou em mim lá atrás e o apoio da minha família — especialmente do meu irmão — também são memoráveis e essenciais nessa caminhada.

Papo Pop: O que o público pode esperar em termos de sonoridade e estilo nas faixas do EP? Há influências que te marcaram?

Yago Santana: O público pode esperar um EP honesto, com sonoridade que mistura forró, MPB e toques de brasilidade moderna. É música de raiz, mas com a minha cara. Fui muito influenciado por vários artistas de vários segmentos da música — nomes que colocam alma no que fazem. Esse trabalho respeita essa escola, mas também busca um caminho autoral próprio.

Papo Pop: Existe alguma faixa que você considera mais especial ou desafiadora nesse projeto? Por quê?

Yago Santana: “Golpe de Sorte” tem um lugar especial, foi produzida por mim. Ela nasceu de um sentimento muito verdadeiro e se transformou em algo que me representa muito. Foi desafiadora porque me exigiu coragem pra falar de sentimentos que eu costumava esconder — mas também porque ela marcou o início de uma nova fase, em que comecei a me posicionar com mais clareza enquanto artista.

Papo Pop: Compartilhar algo tão verdadeiro com o público tem sido um desafio? Você sente que esse projeto marca um divisor de águas?

Yago Santana: Com certeza. “Identidade” não é só um EP, é um marco. Ele consolida uma virada na minha trajetória, em que eu passo a me apresentar ao público com tudo o que sou, sem filtro, sem personagem. Tem sido emocionante receber o carinho de quem se conecta com as letras, com a proposta estética e com o sentimento que envolve cada faixa.

Papo Pop: O que te motivou a criar esse projeto agora, nesse momento da sua trajetória?

Yago Santana: Chegou um momento em que eu senti que guardar essas músicas só pra mim não fazia mais sentido. Eu precisava dividir. A pandemia, as transformações internas, a maturidade chegando com a paternidade… tudo isso me empurrou pra esse gesto de coragem. Foi agora porque, finalmente, eu estava pronto pra dizer: essa é minha voz.

Papo Pop: Como você descreveria a sua identidade artística hoje? E como ela se diferencia das fases anteriores?

Yago Santana: Hoje, minha identidade artística é mais firme, mais consciente. Antes, eu transitava entre muitas referências sem saber ao certo quem eu era dentro delas. Agora, entendo que meu lugar é onde a tradição encontra o afeto, onde a sanfona fala de amor, de dor, de beleza cotidiana. Sou autor da minha história, e isso muda tudo.

Papo Pop: Quais artistas ou referências te inspiraram nesse processo criativo?

Yago Santana: Me inspiro nos mais diversos artistas, em artistas independentes que fazem da sua arte um espelho da vida real. Pessoas que não têm medo de mostrar suas cicatrizes através da música. Também me inspiro nas histórias das pessoas simples, do povo, nas conversas da estrada, nos silêncios da natureza.

Papo Pop: O EP tem participações especiais ou colaborações que você possa nos adiantar?

Yago Santana: Esse projeto foi muito íntimo e feito com o coração nas mãos. Não tem participações no sentido tradicional, mas ele é cheio de colaborações invisíveis: de amigos músicos que somaram com talento e generosidade, do meu irmão que sempre está por perto, e das pessoas que torcem por mim nos bastidores. O EP tem alma coletiva, mesmo sendo autoral.

Papo Pop: Por fim, que mensagem você espera que fique no coração de quem ouvir “Identidade” do início ao fim?

Yago Santana: Que a gente não precisa se moldar pra caber em lugar nenhum. Que ser quem a gente é — com todas as contradições, raízes e sonhos — é o que nos faz únicos. Espero que quem ouça “Identidade” se sinta abraçado, reconhecido… e que entenda que a nossa história, mesmo com todas as falhas, merece ser contada com beleza.