Janaína Dias realiza o primeiro Arraiá da Jana em João Pessoa

Com exclusividade ao Papo Pop, a produtora cultural revela os bastidores do maior esquenta junino da cidade e fala sobre arte, legado familiar e impacto social

Quando as luzes do Carnaval se apagam, no Nordeste o coração já pulsa no compasso do forró. E em João Pessoa, essa contagem regressiva para o São João ganhou um novo marco: o Arraiá da Jana, evento idealizado por Janaína Dias, uma das mais respeitadas produtoras culturais da Paraíba.

Foto: Janaína Dias.

Em conversa exclusiva ao Papo Pop, Janaína revelou os detalhes da primeira edição do evento, que acontece no dia 24 de maio, no Celebration Altiplano, e que promete entregar ao público uma imersão afetiva, tradicional e socialmente comprometida com as festas juninas.

Foto: divulgação.

Com uma história profundamente ligada às artes desde a infância, Janaína cresceu nos bastidores do teatro, ao lado do tio, o humorista Adeílton Pereira, conhecido como Biuzinha, de quem herdou não só a paixão pela produção, mas também o senso de responsabilidade com o público.

Confira a entrevista completa:

1. Janaína, você tem uma história linda com a arte desde a infância. Como essa vivência no teatro influenciou sua escolha profissional e sua paixão por produção cultural?

Desde pequena, o teatro sempre fez parte da minha vida. Cresci nos bastidores dos espetáculos do meu tio, o humorista Biuzinha, observando tudo com muita atenção e curiosidade. Aquilo me encantava. Eu via a magia acontecendo diante dos meus olhos, mas era nos bastidores que eu realmente me encontrava. Aos 14 anos, fui convidada a ajudar na produção dele — e ali tudo fez sentido pra mim. A cada show, eu aprendia sobre organização, responsabilidade e, principalmente, sobre como emocionar as pessoas através de uma experiência bem feita. A produção cultural virou minha vocação, meu propósito de vida.

2. Seu tio, o humorista Biuzinha, foi uma figura muito importante na sua trajetória. Que ensinamentos ou inspirações ele te deixou e que você leva até hoje?

Biuzinha foi meu maior espelho. Ele tinha um talento imenso e um compromisso muito sério com o público. Era divertido no palco, mas extremamente comprometido fora dele. Com ele aprendi que a arte é um serviço: você está ali para emocionar, tocar as pessoas, fazê-las rirem ou chorarem. Isso exige respeito, entrega e verdade. Até hoje, levo o legado dele comigo em tudo o que faço. Ele plantou a semente que floresceu na profissional que sou hoje — apaixonada, dedicada e sempre buscando entregar o melhor em cada projeto.

3. Você já trabalhou com grandes nomes como Oswaldo Montenegro, Lulu Santos, Tirullipa e Tom Cavalcante. Qual foi o maior aprendizado dessas experiências?

Esses artistas são verdadeiras escolas ambulantes. Com cada um deles, aprendi lições valiosas. O Oswaldo Montenegro me ensinou sensibilidade e poesia nos detalhes. Lulu Santos, profissionalismo e exigência com a qualidade técnica. Tirullipa e Tom Cavalcante me mostraram como o humor pode ser uma ponte poderosa com o público, sem perder o foco na excelência do espetáculo. No fim das contas, o que mais ficou foi a certeza de que, por trás de todo grande artista, existe uma equipe comprometida com a perfeição — e é nisso que eu me espelho todos os dias.

4. O “Arraiá da Jana” chega como uma grande novidade no calendário junino de João Pessoa. Como nasceu essa ideia?

A ideia surgiu de forma despretensiosa. Inicialmente, era só pra ser uma comemoração do meu aniversário, com um show mais intimista. Mas a equipe que trabalha comigo falou: “Jana, vamos fazer algo maior, com a sua cara, com tudo o que você acredita!” E eu abracei. Começamos a desenhar um projeto que unisse tudo o que amo: cultura popular, tradição nordestina, alegria, música boa e, claro, uma causa social por trás. O “Arraiá da Jana” nasceu com esse espírito de celebrar, mas também de transformar. Hoje, ele é muito mais que uma festa — é uma vivência junina completa.

5. Além da proposta cultural, o evento também tem um forte viés social. Por que você escolheu apoiar o Hospital Padre Zé?

Ajudar o próximo sempre fez parte dos meus princípios. Quando começamos a pensar no “Arraiá da Jana”, eu quis que ele tivesse um impacto real na vida das pessoas — além da diversão. O Hospital Padre Zé faz um trabalho essencial, ajudando quem realmente precisa, e sabemos que eles enfrentam muitas dificuldades financeiras. Apoiar uma instituição como essa é uma forma de retribuir à sociedade e mostrar que cultura e solidariedade podem — e devem — caminhar juntas. Não é só sobre festa, é sobre fazer o bem.

6. O que o público pode esperar da primeira edição do “Arraiá da Jana”? Quais os diferenciais dessa festa?

O público pode esperar uma verdadeira imersão no espírito do São João. Vai ter de tudo: quadrilhas juninas, comidas típicas, decoração temática, ativações para o público e, claro, muito forró! Mas mais do que isso, o diferencial está na experiência. Pensamos em cada detalhe para que as pessoas se sintam parte da festa, como se estivessem no quintal de casa, mas com estrutura de evento grande. É um resgate das tradições nordestinas com um toque moderno, divertido e cheio de carinho.

7. A organização destaca a segurança e o conforto do público. Como tem sido a preparação nesse sentido?

Temos muito respeito por quem compra ingresso e escolhe estar com a gente. Por isso, reunimos uma equipe de profissionais especializados em segurança, logística, acessibilidade e atendimento. Queremos garantir que todos se sintam à vontade — das crianças aos idosos. Estamos atentos a todas as normas sanitárias, aos cuidados com a estrutura, com acessos, e também com o acolhimento do público. O “Arraiá da Jana” é para todos, e todos merecem se sentir seguros e felizes.

8. Produzir um evento desse porte é um desafio imenso. O que tem te emocionado mais nesse processo até agora?

Sem dúvida, o mais emocionante tem sido ver o projeto tomando forma, mesmo diante das dificuldades. Nem todo mundo acreditou quando contei a ideia. Muitos duvidaram. Mas eu segui com coragem, com a ajuda de pessoas que acreditam em mim. Encarar um sonho desse tamanho praticamente sozinha, com os “meus de verdade” ao lado, tem sido uma montanha-russa de sentimentos. Mas ver a empolgação do público, as mensagens de apoio e a expectativa crescendo — isso me dá forças pra continuar.

9. João Pessoa tem se mostrado cada vez mais apaixonada pelas tradições nordestinas. Qual o papel de eventos como o seu nessa valorização?

Eventos como o “Arraiá da Jana” têm o poder de conectar gerações. Eles resgatam memórias, reforçam identidades e celebram o que temos de mais bonito: nossas raízes. João Pessoa tem um público vibrante, que ama o forró, ama a cultura nordestina. Quando a gente oferece um evento que respeita e valoriza essas tradições, a gente está ajudando a manter viva uma parte essencial da nossa história — e com muita alegria!

10. Quais são seus próximos sonhos e projetos na produção cultural? E o que podemos esperar do Arraiá nos próximos anos?

Ah, tenho muitos sonhos! Quero levar o “Arraiá da Jana” para outras cidades, talvez até transformar num festival itinerante. Também quero investir em projetos que revelem novos talentos, que deem palco pra artistas nordestinos. Este ano está sendo desafiador, mas eu tenho fé de que no próximo faremos o maior e melhor Arraiá de João Pessoa. Podem esperar crescimento, inovação e, claro, muito amor envolvido em tudo o que eu fizer.