A capital paraibana viveu um verdadeiro mergulho na potência da economia criativa entre os dias 30 de maio e 1º de junho, com a realização do Coquetel Molotov Negócios 2025 – edição João Pessoa. O evento, que integra o calendário do Festival Coquetel Molotov, uniu formação, música, cultura digital, arte urbana e debates sobre o futuro da produção cultural brasileira. A cidade virou palco de trocas intensas entre artistas, gestores, produtores e representantes de instituições públicas e privadas.

Com atividades descentralizadas em espaços simbólicos como o Hotel Globo, o Centro Histórico, a Associação Cultural Balaio Nordeste, o IAB-PB, a loja Na Garagem Discos e o Parahybólica Hub Criativo, o evento reuniu nomes de peso e uma programação diversa, com foco especial nas periferias criativas, tecnologias acessíveis e novos modelos de gestão na música independente.

Caminhadas, oficinas e cultura viva nas ruas
O primeiro dia abriu com a oficina de elaboração de projetos culturais ministrada por Gerson Abrantes, da Parahybólica Cultural, e seguiu com a poderosa “Caminhada Jampa Negra”, conduzida por Felipe Coutinho, guiando os participantes por memórias, resistências e referências da presença negra no centro de João Pessoa. A noite finalizou com uma session sonora no Hotel Globo reunindo artistas da nova cena nordestina como A Fúria Negra, Clara Potiguara e Luiz Lins, ao lado de nomes de fora como Benke Ferraz (GO) e Blone (PE).
Painéis e provocações sobre o futuro da música
No segundo dia, o evento intensificou os debates. Oficinas práticas como “Descomplicando as DSPs” (ONErpm), “Desvendando o TikTok para Artistas” e “Inteligência Artificial na Produção Musical” trouxeram ferramentas valiosas para músicos e criadores independentes. Destaque para o painel da Deezer, com foco em estratégias digitais para artistas, e para o bate-papo “Festivais e Casas de Show fomentando cenas”, que reuniu nomes como Alexandre Rossi (Circo Voador), Gerson Dias(Psica) e Xyco Vasconcelos (Caravela Cultural).
À tarde, uma roda intensa no Na Garagem Discos levantou reflexões fundamentais com o tema “Qual o Futuro que Estamos Construindo para João Pessoa?”, reunindo vozes periféricas e coletivos da cidade. O dia se encerrou com showcases gratuitos no Largo de São Frei Pedro Gonçalves, reafirmando o caráter democrático do evento.
Empreendedorismo criativo e sustentabilidade na arte
O último dia foi voltado à construção de caminhos práticos para quem vive de cultura. Pitchings com artistas e empreendedores abriram a manhã, seguidos de oficinas sobre circulação musical, direitos autorais e gestão coletiva. No IAB, o painel “Horizontes para a Música Independente” reuniu Fioti(Laboratório Fantasma), A Fúria Negra, Sandra Belê e Seu Pereira, mediado por Fany Miranda, em uma conversa potente sobre protagonismo e estruturação de carreira.
O talk “Da Arte ao Negócio”, com a empresária Eliane Dias (Boogie Naipe), foi um dos momentos mais aguardados, trazendo à tona temas como sustentabilidade financeira, empoderamento e autonomia artística. Encerrando a programação, o debate “O Papel do Poder Público e das Marcas no Desenvolvimento da Música” apresentou vozes influentes do Itaú Cultural, Natura, BNB, Funjope e Funesc, propondo articulações possíveis entre mercado e cultura independente.
João Pessoa em conexão com o Brasil
O Coquetel Molotov Negócios 2025 consolidou João Pessoa como cidade estratégica no circuito criativo do Brasil. Com uma programação intensa e plural, o evento reafirma a importância de se discutir, experimentar e propor novos modelos para o fazer cultural, de forma acessível, descentralizada e conectada com as urgências sociais do tempo presente.
Para quem participou, ficou a certeza de que a arte, quando pensada coletivamente, transforma não só trajetórias, mas também territórios inteiros.





