O Retorno do Orkut e a Saudade do Que Já Foi Real

Muito além da estética retrô, o possível retorno do Orkut desperta memórias de uma internet mais afetiva, um tempo em que criar laços era mais importante do que colecionar curtidas.

Nos últimos dias, uma notícia tomou conta das redes e mexeu com a memória de muita gente: o Orkut pode estar de volta. E com ele, voltou também uma saudade que a gente nem sabia que ainda morava ali, quietinha, a saudade de uma internet mais humana, mais afetiva, mais sobre estar junto do que sobre ser visto.

Foi impossível não voltar no tempo. Lembrei de quando a gente se encontrava em comunidades cheias de paixão e propósito. Onde “Eu amo dias nublados” fazia mais sentido que qualquer feed editado. Onde declarar amor por uma banda, um filme ou uma ideia criava laços reais. A comunidade “Sou fã do RBD” nos conectava com pessoas reais e que transmitia força e coragem. Nostalgia e aquele período tão afetivo e cheio de sentimentos felizes e doces.

O Orkut não era perfeito. Mas, era sincero.

Naqueles grupos, a gente se permitia pertencer. Debatia, aprendia, ria junto. As relações eram feitas de afinidade, não de algoritmo. Existia escuta, troca, cuidado. A gente falava com o outro, não para uma bolha invisível criada por códigos que não entendemos.

Com o tempo, as redes mudaram. O vínculo virou curtida. O grupo virou vitrine. E a conversa se perdeu na disputa por atenção. A lógica passou a ser performar. Mostrar. Engajar. E o ódio, de alguma forma, virou combustível. Onde havia comunidade, hoje há solidão.

Por isso, o possível retorno do Orkut acende algo bonito: um desejo coletivo de voltar a pertencer. De estar com, e não apenas aparecer para. De se reconhecer no outro, mesmo nas diferenças. Tomará que, entre tantas novas conexões, mais histórias como a minha possam nascer.Tomará que a gente volte a encontrar afeto onde hoje só existe scroll. Tomará que a internet volte a ser esse lugar onde compartilhar é também cuidar.

Porque, no fim das contas, tudo o que a gente quer… é pertencer.