A cantora, empresária e apresentadora Preta Gil faleceu neste domingo (20), aos 50 anos, após complicações causadas por um câncer no intestino. A artista vinha tratando a doença desde janeiro de 2023, quando tornou público o diagnóstico e iniciou uma intensa jornada de cuidados e internações.

Filha de Gilberto Gil e de Sandra Gadelha, Preta era uma figura potente na cultura brasileira. Ao longo de sua carreira, rompeu padrões, defendeu a liberdade do corpo, da expressão e da identidade, tornando-se símbolo de empoderamento feminino, racial e LGBTQIAPN+.

Preta lançou seu primeiro álbum em 2003 e, desde então, construiu uma trajetória marcada por autenticidade e coragem. Entre seus projetos de destaque estão o “Bloco da Preta”, um dos mais populares do carnaval carioca, e sua atuação como empresária à frente de iniciativas culturais e musicais.

A artista deixa um filho, Francisco Gil, conhecido como Fran, músico e integrante do trio Gilsons, formado com o pai (o cantor José Gil) e o avô Gilberto Gil. A família, que carrega a música no DNA, perde uma de suas figuras mais carismáticas e combativas.
Durante todo o tratamento, Preta compartilhou com o público momentos de vulnerabilidade e esperança, tornando-se um exemplo de resistência e humanidade. Sua partida deixa uma lacuna na música brasileira e uma saudade imensa nos corações de fãs, amigos e familiares.
A trajetória de Preta Gil: irreverência, coragem e legado na cultura brasileira
Preta Maria Gadelha Gil Moreira nasceu no dia 8 de agosto de 1974, no Rio de Janeiro. Filha do cantor e ex-ministro Gilberto Gil e de Sandra Gadelha, Preta cresceu rodeada por arte, política, liberdade e música. Desde cedo, entendeu que seu nome carregava um peso histórico e uma expectativa artística — e decidiu transformar tudo isso em potência.
Apesar da influência musical da família, Preta começou sua carreira nos bastidores da indústria, trabalhando como produtora e empresária artística. Só aos 28 anos, em 2003, lançou seu primeiro álbum como cantora: “Prêt-à-Porter”, um disco ousado que já trazia sua marca registrada — a mistura de gêneros, o empoderamento e a liberdade de expressão.

Ao longo dos anos, Preta Gil consolidou-se como artista multifacetada. Fez shows por todo o Brasil, participou de novelas e programas de TV, comandou blocos de carnaval, atuou como apresentadora e tornou-se uma referência de representatividade, principalmente por sua postura sempre afirmativa em relação ao corpo, à sexualidade, à raça e à liberdade feminina.
Um de seus maiores projetos foi o Bloco da Preta, criado em 2009 e que se tornou um dos maiores e mais populares do carnaval do Rio de Janeiro. A cantora levava para as ruas alegria, diversidade e uma multidão que se via representada em sua energia e autenticidade.
Preta também teve papel importante como empresária e articuladora cultural. Foi uma das vozes ativas em movimentos por mais diversidade na música, por visibilidade de artistas negros e pela democratização do acesso à cultura.
Sua vida pessoal também sempre foi vivida com transparência. Mãe de Francisco Gil (Fran) — fruto de sua relação com o cantor Otávio Müller —, Preta era avó e manteve uma relação muito próxima com seu filho, que seguiu carreira na música ao lado do pai e do avô, no trio Gilsons.

Em 2023, Preta revelou ao público o diagnóstico de câncer no intestino e passou a compartilhar sua jornada de tratamento com coragem e sensibilidade. Mesmo diante das dificuldades, manteve seu espírito combativo e sua vontade de viver, tornando-se exemplo de força e empatia para milhares de seguidores e fãs.
Sua morte, em 20 de julho de 2025, aos 50 anos, representa uma perda profunda para a música, a cultura e a luta por uma sociedade mais livre e diversa. Mas o legado de Preta Gil permanece vivo, na arte, nas memórias e em todas as pessoas que ela inspirou a serem, simplesmente, quem são.