No palco do Coala Festival, neste domingo (7), Cátia de França não apenas se apresenta: ela reafirma seu papel como um dos pilares da música brasileira. Referência inestimável na trajetória cultural do país, a paraibana construiu, ao longo de décadas, uma obra marcada pela resistência, pela poesia e pela força da identidade nordestina. Desde os anos 1970, Cátia vem desafiando padrões sociais e estéticos, sendo mulher, negra, nordestina e compositora em uma época em que essas identidades muitas vezes eram silenciadas. Canções como “Negritude” e “Espelho de Oloxá” não apenas revelam seu talento singular, mas também a coragem de falar sobre política, ancestralidade e liberdade em um contexto adverso.

No Coala Festival, sua presença se torna ainda mais simbólica ao dividir o palco com Josyara e Juliana Linhares. O encontro une gerações e sotaques, mostrando como a mulheridade nordestina se constrói de forma plural, incorporando histórias, timbres e experiências distintas. Cátia de França, com sua bagagem histórica e reconhecimento tardio, simboliza a ponte entre passado e presente: suas composições, muitas vezes gravadas apenas décadas depois de terem sido criadas, encontram hoje o público jovem e ávido por compreender e celebrar essas vozes pioneiras.

Mais do que uma apresentação musical, o show é uma lição de história viva. A trajetória de Cátia inspira novas gerações, reforçando a importância de assumir a própria narrativa, de ocupar espaços antes inacessíveis e de transformar a música brasileira com autenticidade e coragem. No Coala, cada nota cantada por Cátia ressoa como um manifesto: a arte nordestina é plural, potente e necessária, e Cátia de França é, indiscutivelmente, uma de suas vozes mais fortes e essenciais.