Gaby Amarantos entrega o álbum do ano com “Rock Doido”: um manifesto vibrante da força, da irreverência e da riqueza cultural do Pará

Em uma mistura arrebatadora de ancestralidade, tecnologia e liberdade criativa, Gaby Amarantos transforma o som do Pará em manifesto universal de potência, ritmo e identidade. “Rock Doido” não é apenas um disco: é um rito de celebração da Amazônia urbana, uma explosão de cores, beats e emoções que reafirmam o Norte como o epicentro vivo e revolucionário da música brasileira.

Em Rock Doido (2025), Gaby Amarantos consolida não apenas uma nova fase de sua trajetória, mas reafirma sua posição como uma das artistas mais inventivas, ousadas e poderosas da música brasileira contemporânea. O disco é um verdadeiro furacão criativo, um manifesto de liberdade que une o popular e o sofisticado, o ancestral e o futurista, o digital e o orgânico. São 22 faixas curtas, intensas e entrelaçadas com a energia das festas de aparelhagem, o calor das periferias e a alma vibrante da Amazônia. Produzido pela própria Gaby em parceria com o trio MGZD, formado por Baka, Dedé Santaklaus e Cido, o álbum é uma explosão de ritmo, humor e domínio técnico. É um mergulho profundo no som do Norte que se impõe como o verdadeiro pop brasileiro em sua forma mais autêntica, livre e inovadora.

Mais do que um trabalho musical, Rock Doido é um acontecimento cultural e sensorial. Cada batida, sample e melodia se transforma em uma declaração de identidade, resistência e pertencimento. O disco não oferece pausas, é uma experiência sonora contínua que convida o público a mergulhar em um universo de referências, afetos e descobertas. Em faixas como Arrume-se Comigo, Eu Tô Solteira e Short Beira Cu, Gaby combina o deboche do brega, a pulsação frenética do tecnomelody e a sensualidade tropical com uma inteligência pop rara, criando uma trilha sonora para a liberdade de ser quem se é, com orgulho e alegria.

Nas camadas mais profundas, o álbum se revela ainda mais grandioso. A releitura divertida de Foguinho, inspirada em Somebody That I Used to Know de Gotye, vai além da paródia e se transforma em uma homenagem sofisticada à tradição das releituras populares e à estética criativa do Norte e Nordeste. As colaborações reforçam essa multiplicidade. Em Tumbalataum, com a Gang do Eletro, Gaby resgata a infância e o experimentalismo digital das periferias paraenses. Em Não Vou Chorar, parceria com Lauana Prado, há um diálogo entre o sertanejo e a sonoridade amazônica, mostrando a capacidade da cantora de transitar por universos musicais distintos sem perder sua essência. Já Te Amo Fudido, com Viviane Batidão, representa o ponto máximo do disco, uma fusão arrebatadora entre o brega romântico e o pop eletrônico de pista, em uma catarse sonora que sintetiza o espírito do álbum.

Foto: divulgação.

A grandiosidade de Rock Doido ultrapassa o campo da música e se estende para o audiovisual. O projeto, filmado em plano sequência e codirigido por Guilherme Takshy, Naré e pela própria Gaby, transforma o álbum em um espetáculo visual que homenageia a estética popular e a potência das narrativas amazônicas. É uma obra que enxerga beleza no excesso, poesia no cotidiano e arte no que é considerado marginal. O resultado é um tributo à cultura paraense, que há anos influencia o som do Brasil, agora apresentada em sua forma mais moderna e universal.

Mesmo com pequenas variações de intensidade em algumas faixas, Gaby Amarantos entrega um trabalho coeso, ousado e profundamente brasileiro. Rock Doido é o triunfo da criatividade nortista, uma ode à cultura das aparelhagens, ao tecnobrega, à liberdade estética e à força de um povo que transforma sua vivência em arte. É um grito de afirmação, um convite à dança e um espelho da diversidade que faz da música brasileira uma das mais ricas do mundo.

Mais do que um álbum, Rock Doido é uma celebração da pluralidade, da coragem e da genialidade do Pará. Gaby Amarantos transforma a sonoridade de sua terra em manifesto universal, elevando o pop a um novo patamar de autenticidade. E sim, é o álbum do ano. Porque ser rock doido é ser livre, intenso e absolutamente genial. Como o Pará. Como Gaby Amarantos.