Bixarte lança “Feitiço”: um álbum-ritual que celebra raízes, revoluções e afetos

Misturando rap, trap, afrobeat, cumbia, forró, reggaeton e pop, Bixarte entrega uma obra madura, pulsante e profundamente enraizada na identidade preta e nordestina.
Foto: Cley Tornado

Lançado no dia 21 de novembro, em plena Semana da Consciência Negra, o segundo álbum de Bixarte, Feitiço, chega como um marco na carreira da artista paraibana. São 12 faixas que atravessam o rap, o pop e ritmos diaspóricos, evocando uma estética que é ao mesmo tempo moderna, ritualística e absolutamente brasileira. Com participações de Emicida, Vó Mera, Lucy Alves, Monna Brutal e Johnny Hooker, o álbum é uma costura viva entre tambores, pistas, espiritualidade e resistência.

A data reforça o gesto político, afetivo e ancestral da obra. No dia 20 de dezembro, a artista apresentará o espetáculo pela primeira vez na Paraíba, na Usina Cultural Energisa, território que simboliza memória, luta e celebração da cultura preta nordestina.

Um álbum pop que se recusa à linearidade

Feitiço é pop criado à imagem de Bixarte: plural, híbrido, marcado por vivências de periferia, marés, terreiros e palcos. Cada faixa abre uma porta sonora, como se o álbum fosse um grande ritual de influências onde trap, reggaeton, cumbia, rap e forró se encontram com naturalidade.

É uma obra que não se contenta em repetir fórmulas. Aqui, o pop se reinventa, se expande e assume a identidade singular da artista. O segundo disco de Bixarte confirma sua maturidade criativa e seu domínio sobre a própria estética.

Uma imersão em ancestralidade

O álbum é um mergulho profundo na força preta e nordestina. Das referências aos Orixás ao tambor que fundamenta os arranjos, das narrativas de quebrada aos afetos que atravessam as letras, Feitiçoconstrói um caminho de afirmação e pertencimento.

Ancestralidade aparece como movimento, não como nostalgia. É memória que dança, que protege, que abre estradas. É espiritualidade, corpo, política e desejo pulsando na mesma batida.

Faixa a faixa: o mapa sonoro de Feitiço

1. Não Foi Sorte (feat. Ayô Tupinambá)

Abertura ritualística. Tambores, vozes e reverência aos Orixás criam uma atmosfera espiritual que prepara o terreno para toda a jornada sonora.

2. Tentação

Uma das faixas mais dançantes. Jersey Club, cumbia e pop se misturam sem esforço, criando um convite ao movimento e à entrega.

3. Exu (feat. Vó Mera & Emicida)

A presença de Emicida e Vó Mera fortalece o sentido de continuidade, legado e força ancestral. É afirmação, é história, é futuro.

4. Máfia

Trap intenso e teatral. Bixarte explora força, enfrentamento e postura sem perder o lirismo que é sua marca.

5. Gasolina (feat. Monna Brutal)

Energia pura. A faixa acende o álbum e se destaca pelo beat quente e pela química entre as artistas.

6. Calma, Filha

Produção do paraibano Mofo Records. Uma música que mistura acolhimento e firmeza, criando um respiro emocional sem perder impacto.

7. Ibiza (feat. Lucy Alves)

Reggaeton e forró se encontram de forma leve e irresistível. A parceria com Lucy Alves cria uma faixa solar, dançante e afetiva.

8. Culpa

Continua na vibração pop e dançante, com uma letra que mistura vulnerabilidade e potência.

9. Como Me Olhas (feat. Johnny Hooker)

Cumbia afetiva e intensa. Bixarte e Johnny Hooker criam uma narrativa de desejo e profundidade emocional.

10. Oceano

O respiro do álbum. Atmosférica, suave e introspectiva.

11. Me Vê (feat. A Fúria Negra & Mari Santana)

Retorno à poesia que marcou a trajetória da artista nos slams. É verbo, corpo e identidade em estado bruto.

12. Kaô Kabecilê

Encerramento poderoso. Um pop eletrônico que pede justiça a Xangô e finaliza o ciclo com impacto e espiritualidade.

Tracklist completa

1. Tentação

2. Exu – Bixarte, Vó Mera & Emicida

3. Máfia

4. Gasolina – Bixarte & Monna Brutal

5. Calma, Filha

6. Ibiza – Bixarte & Lucy Alves

7. Culpa

8. Como Me Olhas – Bixarte & Johnny Hooker

9. Oceano

Feitiço é uma obra que marca um novo momento para Bixarte. Corpo, memória, território e música se cruzam para formar um álbum que não só celebra a ancestralidade preta e nordestina, mas também amplia o espaço da artista na cena musical brasileira. É feitiço, é força, é futuro.