O homem além do mito: o Superman de James Gunn e o renascimento mitológico da DC

Na estreia do novo DCU, James Gunn entrega uma obra que é, ao mesmo tempo, um tributo aos quadrinhos e um manifesto cinematográfico sobre heróis em tempos de reconstrução.

O Papo Pop, a convite do Centerplex, da Vivass Comunicação e da Rádio Parahyba FM, conferiu em primeira mão a pré-estreia de Superman, filme que marca oficialmente a abertura do novo universo compartilhado da DC sob a batuta criativa de James Gunn, e o que vimos em tela é mais do que um filme de super-herói: é uma textura emocional, visual e narrativa que respeita o passado e inaugura, com elegância, o futuro.

De imediato, Superman (2025) revela-se uma ode apaixonada aos quadrinhos. Não há didatismo, não há passo-a-passo: somos lançados diretamente no coração da mitologia do personagem, como se abríssemos a edição #19 de uma coleção consagrada e fôssemos convidados a continuar a história, já em movimento, já em ação, já em maturidade. Essa escolha narrativa é ousada e libertadora. Gunn confia no espectador. Ele não explica, ele mergulha. E nos convida junto.

Textura de quadrinho, alma de cinema

Foto: divulgação.

A direção de Gunn é fluida, vibrante e, sobretudo, texturizada. Há algo palpável na construção visual do filme, dos ângulos inspirados em painéis ilustrados à paleta de cores que oscilam entre o clássico e o futurista. A sensação é a de estarmos diante de uma obra que não teme o colorido nem a fantasia, mas que ancora tudo isso numa estética de humanidade.

O Clark Kent de David Corenswet surge como o herói que precisávamos: carismático, vulnerável, espirituoso e profundamente crível. Sua atuação, sem esforço aparente, devolve ao personagem a simplicidade épica que o tornou atemporal. Ao seu lado, Rachel Brosnahan constrói uma Lois Lane magnética, afiada, com um timing impecável, química não falta. E Nicholas Hoult, em uma interpretação que já nasce histórica, entrega um Lex Luthor cerebral, ameaçador e inquietante, que pode muito bem ser considerado o melhor já visto no live-action.

Mitologia compartilhada, mas identidade própria

 

Ao apresentar uma série de personagens do universo DC, de Mulher-Gavião a Metamorfo, passando por Guy Gardner e Sr. Incrível, o filme expande o olhar sem se perder de foco. O protagonismo de Clark nunca se dilui. Gunn compreende que construir um universo é um gesto de paciência, não de acúmulo. Cada aparição serve à trama, sem parecer um teaser inflado para o que virá.

Vale destacar a trilha sonora, que abraça o épico com sutileza, e a montagem, que respeita ritmos internos de emoção e ação com rara harmonia no gênero. O filme, mesmo em sua ambição de universo, não esquece de ser cinema.

Entre o céu e a Terra: um Superman possível

Este não é um filme de origem, e isso é seu maior trunfo. É sobre o primeiro voo real de um homem que precisa se entender entre dois mundos, como jornalista, como salvador, como alguém que busca pertencimento. Gunn oferece aqui não apenas um reboot, mas um reposicionamento simbólico: Superman como símbolo do possível, do ético, do vulnerável que escolhe ser forte.

Conclusão: Uma nova alvorada para a DC

Foto: divulgação.

Superman (2025) é, mais do que um filme de estreia, um manifesto estético e narrativo. James Gunn acerta ao entregar um longa que é ao mesmo tempo pop, filosófico, ágil e fiel ao espírito original do herói.

A DC, enfim, encontra sua bússola ,e é azul, vermelha e feita de esperança.

Estreia oficial nos cinemas: 10 de julho.

E se esse é só o começo… que comecem os aplausos.