Hasos: Baco Exu do Blues inaugura nova era com Vanessa da Mata, Carol Biazin, Teto, Joyce Alane e Mirela Costa

Novo álbum explora humildade, perdão e responsabilidade afetiva, firmando-se como uma das obras mais profundas e sofisticadas da discografia do artista

Após três anos de imersão nas próprias sombras e dores, Baco Exu do Blues emerge com Hasos, um álbum que amplia sua trajetória e o posiciona de forma sólida entre os artistas mais complexos, audaciosos e sensíveis de sua geração. O lançamento, nesta terça-feira (18), representa mais do que uma nova fase. É um rito de passagem, uma entrega radical à vulnerabilidade e um convite íntimo ao público para atravessar suas próprias camadas emocionais.

Em Hasos, Baco lapida sua musicalidade com lucidez rara e densidade poética. O resultado é uma experiência de escuta elevada, meticulosa e carregada de significado, construída sobre responsabilidade afetiva, humildade e autorreconhecimento.

O simbolismo de Caravaggio e a alquimia do perdão

O título do disco nasce de uma referência sofisticada a um detalhe oculto na pintura Davi Com a Cabeça de Golias, de Caravaggio. Na espada de Davi, as letras “H-AS OS” aparecem como abreviação em latim para “a humildade mata o orgulho”.

Caravaggio, cuja obra atravessa luz e sombra com intensidade singular, também viveu atormentado pela culpa após ser condenado pela morte de um homem. Sua busca por perdão e retorno ao lar dialoga profundamente com a narrativa emocional que sustenta Hasos. Ao se aproximar desse imaginário, Baco cria um paralelo entre sua própria jornada e a do pintor italiano, propondo uma reflexão sobre queda, redenção e retorno à essência.

Feats refinados que expandem o universo do álbum

Foto: divulgação.

A potência de Hasos também se revela na escolha cuidadosa dos artistas convidados. Vanessa da Mata, Carol Biazin, Teto, Joyce Alane, Mirela Costa, Sued Nunes, IVYSON e Zeca Veloso compõem uma constelação vocal que amplia a atmosfera do disco e atravessa diferentes sensibilidades.

A participação de Zeca Veloso no single “Que Eu Sofra” se destaca como um ponto de luz e dor. Segundo Baco, era necessário um timbre que tocasse a ferida com delicadeza. “Eu precisava que doesse mais. Pensei no Zeca na mesma hora, porque ele alcança esse lugar como ninguém”, afirma o artista.

Cada feat atua como um espelho das camadas internas que Baco explora ao longo do álbum, reforçando a sofisticação estética e emocional da obra.

Um processo criativo feito de intensidade e pausa

Foto: divulgação.

A criação de Hasos foi tão intensa que Baco precisou interromper o processo para se recompor emocionalmente. Dessa pausa nasceu Fetiche (2024), projeto que, segundo ele, é fundamental para compreender a narrativa atual. Enquanto Fetiche representa como o público o enxerga, Hasos revela seu interior de forma honesta e crua.

“Fetiche é de fora para dentro. Hasos é de dentro para fora. Por isso os dois dialogando”, explica Baco.

A consagração de um artista em sua forma mais íntima

Foto: divulgação.

Hasos consolida Baco Exu do Blues como um artista que não teme suas próprias profundezas. Sua música se torna ponto de acolhimento, espaço de cura e manifesto de maturidade emocional. Ao unir poesia, simbolismo e feats impecavelmente selecionados, o álbum se destaca como uma das obras mais relevantes de sua carreira.

Mais do que um lançamento, Hasos é uma travessia emocional guiada pela humildade, pelo perdão e pela busca de si mesmo. É Baco em seu estado mais essencial, generoso e transformador.