Bixarte transformou a Cidade da Imagem Conventinho, em João Pessoa, em um território de força, movimento e sensorialidade. A estreia ao vivo de Feitiço, seu novo álbum, não foi apenas um show; foi um acontecimento estético, político e emocional que reafirma a artista como uma das vozes mais potentes e originais da nova música brasileira. A grandiosidade do projeto revela uma obra digna de ser indicada ao Grammy Latino de 2026.

A apresentação gratuita reuniu centenas de pessoas e se desenrolou como um ritual contemporâneo. Em cena, Bixarte assumia não só o papel de cantora, mas de mestra de cerimônia de uma celebração que unia dança, poesia, ancestralidade e ritmo.
O espetáculo foi impecável em sua construção, com uma banda afiada que dialogava perfeitamente com os arranjos sofisticados do disco, dançarinos que transformavam cada faixa em narrativa corporal e uma direção que iluminava a multiplicidade estética da artista.

No palco, Feitiço ganhou dimensões ainda mais amplas. As parcerias com Emicida, Vó Mera e Lucy Alves ecoaram no ar como símbolos de um encontro de gerações e linguagens. A fusão de rap, afrobeat, reggaeton, forró e cumbia, já marcante no álbum, tornou-se pulsante diante do público, atravessando quem assistia com ondas contínuas de energia.

Bixarte, segura e plena em sua maturidade artística, conduziu o espetáculo com presença expansiva, domínio absoluto do palco e uma entrega emocional que arrebatou a plateia. Cada canção parecia invocar memórias afetivas e ancestrais, reafirmando que este momento não é apenas um marco em sua trajetória, mas o início de uma nova e poderosa etapa na música brasileira.







