Oeste Outra Vez dedica um tempo generoso à contemplação dos espaços em que seus protagonistas vivem—sozinhos, isolados em um mundo que parece ter esquecido deles. O design de produção, assinado por Carol Tanajura (veterana de Longe do Paraíso e A Cidade do Futuro), ressalta essa solidão de maneira quase palpável: pias transbordando louça suja, fogões com portas quebradas, lixo acumulado nos cantos. São detalhes que traduzem não apenas um descuido cotidiano, mas uma masculinidade à deriva—homens que nunca aprenderam a cuidar de si, de seus lares ou uns dos outros.

Para dar vida a esses personagens, o diretor e roteirista Erico Rassi, em seu segundo longa após Comeback: Um Matador Nunca se Aposenta (2016), costura gêneros com precisão. Como o próprio título sugere, “Oeste Outra Vez” bebe na tradição do faroeste sertanejo, estruturando sua narrativa a partir da rivalidade entre Totó (Ângelo Antônio) e Durval (Babu Santana), que recorrem a matadores de aluguel duvidosos para resolver suas diferenças. Com a fotografia de André Carvalheira—seu colaborador também no filme anterior—Rassi transforma o sertão goiano em uma paisagem de tons quentes, dominada por amarelos, laranjas e marrons. As amplas panorâmicas não só evidenciam a vastidão desse território como reforçam a distância entre os personagens, imersos em um espaço que parece grande demais para suas existências fragmentadas.

O Papo Pop foi convidado pela Vivass Comunicação, Mag Shopping e Centerplex para uma sessão exclusiva de Oeste Outra Vez, realizada no Mag Shopping, em João Pessoa, para jornalistas, críticos de cinema e influenciadores. Após a exibição, participamos de um debate sobre o filme com um dos atores do elenco, Daniel Porpino.

Galeria de fotos:

Sinopse:

Não recomendado para menos de 14 anos

Ambientado no sertão de Goiás, Oeste Outra Vez acompanha a história de Totó (Ângelo Antônio) e Durval (Babu Santana), cuja trajetória se entrelaça de forma trágica: ambos, abandonados pela mesma mulher, despertam uma rivalidade intensa e destrutiva. Inspirado nos elementos clássicos do faroeste, o filme explora a angústia e a amargura daqueles que se veem perdidos sem o apoio de quem amam. Confrontados com a própria vulnerabilidade, os dois encaram um conflito brutal, que reflete disputas pessoais, o choque de tradições e a inevitável passagem do tempo. No sertão, o palco se transforma em um espaço onde honra, orgulho e desespero se misturam, revelando a essência de homens forjados pelo isolamento. Aos poucos, as cicatrizes de um passado repleto de desilusões e perdas irreparáveis são expostas, enquanto cada confronto intensifica a tensão das batalhas internas.